
Mostra Sul-Mato-Grossense destaca qualidade e narrativa das produções regionais
Data: 31/07/2025

A arte cinematográfica de Mato Grosso do Sul é objeto de exibição e discussão no 3º Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito. Paralelo às apresentações de longas e curtas-metragens de vários países da América do Sul, as sessões de filmes produzidos no estado estão surpreendendo os participantes do Festival. A Mostra fala de temáticas que tem o estado enquanto foco narrativo ou obras de diretores regionais, de modo a valorizar a cinematografia ainda pouco reconhecida no âmbito nacional.
Este ano foram escolhidos seis filmes entre os mais de 30 recebidos e, por meio de votação popular e de um júri especializado, serão escolhidas as produções ganhadoras da edição 2025.
Para o curador da Mostra Sul-Mato-Grossense, Marcos Pierry, está visível a qualidade da produção de filmes, com melhor domínio de dramaturgia para cinema e no modo como as histórias estão sendo escritas para os personagens.
“Chegar aos selecionados foi desafiador. Foi preciso buscar o melhor, mas melhor para quem? Para isso, é preciso entender o perfil do Festival, os campos de referência, além de exercitar o entendimento do que é o cinema naquele lugar”, explica Pierry. Outra preocupação foi “dentro desses recortes, além de ficar no lugar de árbitro dos rendimentos estéticos, entender o lugar de onde os filmes vêm, identificar os ganchos identitários, o horizonte de percepção desses realizadores, as condições de realização dessas produções.”
A Mostra Competitiva Sul-Mato-Grossense vai oferecer o Troféu Pantanal para o melhor filme de MS, escolhido por júri popular, e prêmio em dinheiro para o vencedor na categoria de Melhor Filme Sul-Mato-Grossense do Júri Oficial. Os ganhadores serão reconhecidos no próximo sábado, 2 de agosto, a partir das 20h, no Centro de Convenções de Bonito.
Tentando o bicampeonato, o Coletivo O Estranho Vale está concorrendo com “Tempestade Ocre” (2025), de Deividison Pedrê. O produtor, roteirista e diretor de arte Paulo Taveira explica que a película traz várias camadas, provocando questões que vão além do artístico, mostrando o último espetáculo de um artista à beira do fracasso. “A obra reflete sobre as obras clássicas que estão se tornando obsoletas, questionando seu lugar neste novo mundo que está sendo formado, onde a criatividade está sendo trocada pelo entretenimento e algoritmos”, afirma. Segundo ele, o filme foi pensado especificamente para o CineSur, onde fez a sua estreia. “Nosso maior desejo é ser reconhecido dentro de casa, ser uma conquista coletiva.”

Outro concorrente da Mostra é o filme “Eleonora” (2024), de Lígia Prieto, que traz Ana Lúcia Serrou em sua primeira estreia como protagonista. O curta mostra o preconceito sofrido por uma mulher com maos de 60 anos vivendo sozinha no interior no Pantanal, sem medo de enfrentar o machismo, a opinião alheia e de viver novos amores. A realização de uma mostra competitiva específica para a produção local é, para Ana Lúcia, dar visibilidade ao que está sendo produzido. “É fundamental para o Brasil falar da nossa latinidade. Falar de arte na América do Sul é de tremenda importância para nós, latino-americanos, sermos mais vistos, sendo registrados por meio da Sétima Arte. Estou encantada”, destaca.
Estreante no Bonito CineSur, a diretora do curta “Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha” (2024), Daphyne Schiffer, reforça que é necessário e urgente fortalecer a cena sul-mato-grossense. “O Festival ainda traz a questão educativa, por meio das oficinas, da troca com os cinemas que têm mais estrutura. Eu tenho certeza que este evento vai levar nosso cinema para outro lugar.”
A apresentação dos filmes que concorrem na Mostra de Filme Sul-Mato-Grossense termina nesta quinta-feira, dia 31 de julho.
O Bonito CineSur é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), em parceria com o Ministério da Cultura (Governo Federal), por meio de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. Conta com patrocínio da Fecomércio-MS, Sesc, Emgea, Agência Nacional do Cinema (Ancine), Petrobrás, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Tem o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico e da Prefeitura de Bonito, da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e do Governo de Mato Grosso do Sul, além do apoio cultural da Energisa e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).