A 2ª edição do Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito, segue com uma programação intensa e diversificada, proporcionando debates e exibições das mostras competitivas, encantando público e crítica.
No domingo (21), o evento chegou ao 3º dia com uma mesa de debates intitulada “Film Commission – Experiências Relevantes e Consolidadas”, na Câmara Municipal de Bonito, com Ana Carolina de Araújo Silva, coordenadora da SP Film Commission; Thaylane Cristina, coordenadora da BH Film Commission; e Eduardo Mendes Pinto, diretor-presidente da Fundação de Cultura de MS; com mediação de Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundação de Turismo de MS.
As representantes de São Paulo e Belo Horizonte ressaltaram a importância da atuação de uma Film Commission no desenvolvimento e suporte ao audiovisual, tanto local quanto de outras regiões em busca de locações. Já Eduardo Mendes apresentou as perspectivas da recente MS Film Commission e destacou que a prioridade é avançar no cadastro de profissionais e no catálogo de locações, além do avanço nas parcerias com as instituições que entram no escopo de atuação da comissão.
Às 16h30, iniciou-se a Mostra Competitiva Sul-Mato-Grossense, que exibiu três títulos: “O Formoso” (Brasil, 2022, 13min), apresentado pelo diretor Roberto Leite, sobre um menino que descobre uma rinha de galo; “In Utero” (Brasil, 2024, 19min), apresentado pelo cineasta Paulo Alvarenga, que mostra as cavernas da Serra da Bodoquena por meio do olhar da espeleóloga Livia Cordeiro; e, por fim, “Ninguém lhe Estenderá a Mão” (Brasil, 2024, 14min), de Deivison Pedrê, que explora o cenário sombrio do personagem Vitor, onde mutilações inexplicáveis e bilhetes enigmáticos o confrontam.
Às 18h30, a Mostra Competitiva de Filmes Ambientais exibiu o curta de animação “No Están Solos” (Paraguai, 2023, 4min), da diretora paraguaia Andrea Osorio, que apresentou a sessão. Em seguida, foi projetado o filme “Los de Abajo” (Bolívia, 2022, 83min), que conta a história de Gregorio, um camponês que busca salvar sua lavoura reavendo o acesso de sua propriedade à água, após desvios realizados por um latifundiário vizinho. O longa explora a fragilidade dos povos originários e a simbiose entre o poder econômico, a política e o tecido social, que pode promover o ostracismo daqueles que antagonizam o projeto hegemônico dos detentores do capital.
Às 20h30, foi a vez da Mostra Competitiva Sul-Americana, que abriu com o curta colombiano “Camino al Cielo” (Colômbia, 2024, 18min), de Miguel Vargas. Já o longa exibido foi a comédia “Tarkarí de Chivo” (Venezuela, 2023, 80min), dirigida por Daniel Yegres e Francisco Denis. No filme, um homem com fome, um falso terrorista, um ator decadente e uma youtuber coincidentemente se encontram em um restaurante em um dia chuvoso. Lá, ocorrem situações cômicas e vertiginosas, como crimes involuntários e chantagens.
Na segunda-feira (22), o evento chegou ao 4º dia com o início das oficinas de Assistência de Direção, com a carioca Marianne Macedo Martins, e de Roteiro, ministrada pelo premiado cineasta paulista José Eduardo Belmonte, muito aguardadas pelos bonitenses.
Às 18h30, a Mostra Competitiva de Filme Ambiental exibiu o curta Bauxita (Brasil, 2023, 15min), de Thamara Pereira, em que Frei Gilberto, um grande defensor da natureza, recebe duras ameaças por sua oposição à mineração da bauxita. Em seguida, foi projetado o longa “La Ilusión de la Abundancia” (Colômbia, 2022, 60min), de Erika Gonzalez Ramirez e Matthieu Lietart, um documentário que chamou a atenção do público e conta a história de três mulheres defensoras de seus territórios, do Peru, de Honduras e do Brasil.
A ativista mineira Carolina de Moura Campos esteve presente apresentando a sessão e ressaltou que a importância de estar no Festival. “O filme é uma ferramenta política. A gente tem trabalhado numa campanha de impacto, fazendo debates e discutindo vários temas que o filme permite aprofundar, como o extrativismo patriarcal, o colonialismo moderno, a impunidade corporativa, os impactos extraterritoriais, a conexão entre vários pontos de uma cadeia de valor, no caso de minério de ferro ou ouro ou qualquer outra commodity. E para nós foi muito importante estar aqui, foi muito especial que o filme foi exibido junto com Bauxita, que também é de Minas Gerais – sou de lá, moro em Brumadinho”.
Às 20h30, a Mostra Competitiva Sul-Americana exibiu o curta “Cuarto de Hora” (Chile, 2023, 16min), de Nemo Arancibia, sobre Alex, um haitiano no Chile que enfrenta um tenso passeio de ambulância durante os 15 minutos finais de sua vida. Na sequência, foi projetado o longa “Las Preñadas” (Argentina, Brasil, 2023, 105min), de Pedro Wallace. Filmada inteiramente na fronteira da Argentina com o Brasil (Paraná), a coprodução internacional é um drama social, uma espécie de road movie a pé. Conta a viagem de Juana e Carmela – duas mulheres grávidas – desde o bairro periférico onde vivem até hospitais de duas cidades na região da fronteira, onde se deparam com a falta de solidariedade e a falência do sistema, situação que as leva a desenvolver uma forte amizade.
Marina Melino, co-protagonista do filme, que apresentou a sessão, apontou que é uma honra estar no Bonito CineSur. “É sempre muito especial a troca entre artistas do cinema e fazedores de cinema da América Latina.”
Enquanto isso, o mais novo espaço exibidor do Festival, a estrutura com telona e sistema de som montada no Centro de Múltiplo Uso (CMU), recebeu na noite do dia 22 dezenas de famílias bonitenses para a exibição da animação “Placa-Mãe” (Brasil, 2023, 105min), de Igor Bastos, primeiro longa de animação do interior de Mina Gerais, na qual a robô Nadi ganha cidadania e adota duas crianças. A ficção mistura questões sociais e tecnológicas em uma trama emocionante.
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Realização
O Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC) em parceria com o Ministério da Cultura e o Governo Federal, por meio de uma emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet, e conta com o patrocínio do Banco do Brasil, da Agência Nacional de Cinema (Ancine), dos Correios e da Caixa Econômica Federal.
O Festival tem o apoio do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundação de Turismo (Fundtur) e da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc), e o apoio cultural da Zoom Publicidade, da Greenlight Audiovisual, do Canal Brasil e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
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Texto: Theresa Hilcar Edição: Éder F. Yanaguita
